SEGURANÇA PÚBLICA MILITARIZADA: A FACE ANTIDEMOCRÁTICA DO ESTADO DE DIREITO
DOI:
https://doi.org/10.17564/2316-381X.2016v4n2p93-102Resumo
O presente artigo propõe uma reflexão acerca do atual
modelo de segurança pública alicerçado na militarização
das polícias, problematizando a incompatibilidade
entre as Polícias Militares e o Estado Democrático
de Direito. Busca identificar problemas gerados pelos
pilares do militarismo que ocasionam a incapacidade
por parte das polícias de tutelar direitos. Enfrentando
pontos relevantes o estudo se debruça sobre a falsa
ideia de polícia como sinônimo de segurança, bem
como da “cultura do medo” como suporte legitimador
do recrudescimento das polícias militares e do estado
penal. A construção social de um inimigo a ser combatido
é apresentada como elemento crucial para o funcionamento
das PM´s que, ao invés de tutelar direitos,
aniquila parcela da sociedade que é considerada pela
ideologia dominante como incômoda e matável. O endurecimento
cada vez mais frequente dos instrumentos
repressivos do Estado é diretamente proporcional
ao aumento da incapacidade do sistema capitalista
em crise de atender as necessidades humanas. Diante
das formas que o mundo globalizado tem gerido a pobreza
e a barbárie, problematizar a desmilitarização
das polícias é a contribuição a que este artigo se propõe,
apontando, para tanto, limitações às concepções
tradicionais de direitos humanos que, ao esbarrar no
positivismo burocrático, não se mostram suficientes à
implementação de direitos conquistados, relegando a
dignidade da pessoa humana ao patamar de discurso
vazio. Ao entender o processo de militarização policial
de forma mais ampla o trabalho apresenta a ligação
entre polícia e política, mostrando que ambas
são militarizadas e que, uma vez que os princípios
de hierarquia, disciplina e combate ao inimigo fazem
parte da educação em diversos níveis temos uma vida
militarizada, violando sistematicamente nossa capacidade
de vida livre e crítica.